Por: Cristina Hortência Cloches da Silva – Analista Financeira – escritório Ribeiro & Albuquerque – Advogados Associados
Coordenação – Dr. Rodolfo Ferreira Ribeiro – Sócio do escritório Ribeiro Albuquerque – Advogados Associados
A existência das edtechs e sua crescente evolução, há tempos deixou de ser uma novidade. Porém, o novo cenário causado pela pandemia do coronavírus gerou um impulsionamento nas startups de educação.
Foi em 2020, com a explosão de casos da covid/19 e, consequentemente, com o aumento considerável de pessoas utilizando ensino remoto, que as edtechs passaram a despertar uma atenção extra do mercado por explorarem e desenvolverem ferramentas tecnológicas para a solução de uma lacuna educacional que se formou.
No cenário pré-covid, parte do setor da educação já apresentava um desenvolvimento crescente. O Centro de Inovação para a Educação Brasileira em parceria com a Associação Brasileira de Startups, publicou recentemente uma pesquisa que informa que houve um crescimento de 23% no número de edtechs no Brasil nos últimos dois anos. Segundo a pesquisa o número de edtechs no país, que em 2018 chegava a um total de 364, passou à marca de 449 tendo sua maioria avassaladora situada no sudeste do país com uma concentração significativa no Estado de São Paulo.
De acordo com a Unesco, devido a pandemia, estima-se que 1,3 bilhão de estudantes ao redor do mundo encontrem-se afastados das salas de aula, sem previsão de retorno e utilizando-se do ensino remoto. Com base nessa informação, o banco inglês Ibis Capital prevê um crescimento no mercado das edtechs de aproximadamente 17% e um faturamento mundial superior a R$1,5 trilhão. No Brasil, só no mês de março/2020, momento em que grande parte da população migrou para o sistema remoto, a procura por aplicativos de educação cresceu o equivalente a 130% a frente, inclusive, de famosas plataformas de streaming de vídeos e atrás apenas dos aplicativos de vídeo conferências que auxiliam o home office.
Apesar das projeções otimistas e do crescimento constante, alguns especialistas chamam atenção para o fato de que o Brasil enfrenta ainda alguns desafios nesse setor visto que mais de 80% das escolas de ensino básico no país são públicas e a contratação de tecnologias ainda é muito baixa, extremamente burocrática e pouco estruturada para essas escolas bem como, é preciso levar em consideração que grande parte dos alunos não possui sequer um computador em casa. Engana-se, porém, quem acredita que o único foco das edtechs é no ensino básico. Muito pelo contrário.
Apesar de encabeçar o ranking que demonstra os maiores setores de atuação das edtechs, a educação básica é apenas uma das inúmeras ramificações do segmento. Cursos técnicos; profissionalizantes; de idiomas ou até mesmo os chamados cursos livres, por exemplo, foram uma grande aposta do setor antes mesmo do surgimento da covid/19. Obviamente, a pandemia trouxe uma necessidade muito grande de adaptação, distração e até mesmo de reinvenção o que fez com que esses cursos se tornassem ainda mais atrativos. Cursos rápidos, com baixo valor de investimento, seja para mudar o rumo profissional ou apenas para não enlouquecer perante o cenário pandêmico de quem se viu, de repente, isolado e sem acesso ao que costumava ser seu lazer na era pré covid, tornaram-se bastante comuns.
Estima-se que, mesmo em um futuro pós-pandemia, as edtechs continuarão a tomar seu espaço no mercado. O caminho, segundo especialistas, é que as startups da área se tornem uma ferramenta permanente e consolidada pois, mesmo com a retomada das aulas presenciais fica claro que a era digital na educação chegou para ficar e auxiliar alunos e professores tanto na otimização de tempo quanto na prática de estudos.
É nítido que, há ainda, um longo caminho a se seguir principalmente no que diz respeito a acesso e democratização das edtechs pare que pessoas menos favorecidas não fiquem distantes dessa nova realidade e sofram apenas o ônus do processo. Porém, é certo e sabido que, a pandemia evidenciou uma necessidade de mudança. A transformação foi iniciada e a tendência é que os números continuem subindo e desenhando um novo modelo de educação para o futuro.