Por: Larissa Costas dos Santos
Coordenação: Grupo de estudos de inovação e tecnologia do escritório Ribeiro & Albuquerque Advogados Associados.
A luta feminina não é de hoje: as dificuldades, as superações e as conquistas das mulheres no mercado de trabalho vêm de longa data. Contudo, ainda há muito a ser falado e melhorado sobre tal tema.
Há inúmeros desafios, a luta insistente já conquistou muitos direitos para as mulheres não só no mercado de trabalho, mas nas áreas políticas e sociais.
Explorando a história das mulheres no mercado de trabalho, tal acesso só foi possível diante as duas grandes guerras que forçaram a ida dos homens em batalhas, e, consequentemente à morte de muitos destes. Tal demanda resultou na “obrigação” de muitas mulheres, agora, terem de ocupar os postos de trabalho. Afinal, a família precisava ser sustentada e a produção em massa não podia parar.
Diante da consolidação do sistema capitalista, no século XIX, ocorreram várias mudanças na dinâmica do trabalho feminino. Um intenso crescimento da maquinaria, e um acelerado desenvolvimento tecnológico fizeram com que grande parte da mão de obra feminina fosse transferida para as fábricas, com uma carga horária de até 18 horas por dia, e um salário inferior ao do homem.
Vários anos se passaram, muita coisa mudou e o mercado de trabalho, apesar de ainda muito longe do ideal, começou a se abrir mais para mulheres. A caminhada ainda é longa mas está hoje muito mais perto do que quando começou. Grande prova disso é a representatividade feminina que vem crescendo entre as startups, a presença de mulheres em posição de lideranças, mesmo ainda longe do que se espera, vem crescendo ano a ano nesse ramo. O setor que mais têm presença feminina, segundo pesquisas, é o jurídico (legaltechs), com 25% de mulheres sócias. O último é o de startups do setor financeiro (fintechs), com 11%.
De acordo com um estudo realizado pelo fundo de capital de risco First Round Capital, startups fundadas por mulheres apresentam performance 63% melhor do que as fundadas apenas por homens. Outra pesquisa realizada pela Delivering Through Diversity aponta que empresas que possuem diversidade de gênero em sua direção possuem uma lucratividade 21% superior a empresas compostas unicamente por homens.
O Brasil possui casos de sucessos em liderança feminina como é por exemplo o caso da co-fundadora do Nubank, Cristina Junqueira ou da engenheira Patricia Tavares, líder da empresa Neuralmind, startup famosa por desenvolver produtos de inteligência artificial para o mercado financeiro.
Apesar de muita luta e conquistas femininas, a desigualdade de gêneros ainda é grande e isso reflete em cargos, salários e oportunidades de trabalho bastante discrepantes entre homens e mulheres.
Alguns fatores externos dificultam o progresso da mulher no mercado de trabalho. A pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo aponta que o nível de ocupação de mulheres sem filhos de até três anos de idade era de 67,2%. Já entre mulheres com filhos nessa faixa etária caía para 54,6%.
Para mulheres pretas e pardas com filhos até três anos de idade o nível de ocupação era ainda menor, de 49,7%. Entre os homens foi observado o oposto, o nível de ocupação entre os que tinham filhos pequenos foi de (89,2%) maior que entre aqueles que não tinham filhos (83,4%).
Para Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, é preciso um olhar profundo e detalhado por trás do distanciamento das mulheres no universo empreendedor. Segundo ela, “ao se dedicar aos cuidados com a família, mulheres acabam investindo 24% do tempo a mais com trabalhos domésticos em relação ao homem. Portanto, devemos repensar a ideia de meritocracia e performance quando comparamos os dois gêneros frente aos negócios”.
É certo que o cenário está sim mudando. A passos lentos, mas está. Há um sinal de crescimento por parte do mercado e está claro que estamos vivendo novos tempos onde discussões de gênero tem se tornado cada vez mais presentes. Colocar o tema em pauta já é um grande avanço. Em termos globais a estatística nunca andou para trás, o crescimento tem sido gradual desde suas lutas iniciais. A previsão é que assim permaneça e que as mulheres passem a ganhar cada vez mais destaque no mercado.
(FONTE: https://www.whow.com.br/pessoas/veja-qual-e-o-panorama-das-startups-fundadas-por-mulheres-no-brasil)